O prazer da contradança

Hoje sou eu que lhe conduzo,
esqueça o papo fútil da sua mesa.
Deixa de lado este copo, as caras e bocas.
Pega minha mão, vem pro salão.
Hoje quero te levar.

Num movimento súbito aconchego leve
suas costas na palma da minha mão,
trago seu peito pra tão junto a ponto de sentir
pulsar no seu vestido as batidas do meu coração.
Conta o tempo, não deixa descompassar.

Saio com a esquerda, do lado errado da moral,
do lado correto da dança, checo os pés e logo miro
no fundo dos teus olhos, a meia luz com flashes
lhe deixa ainda mais bonita.

Entre um passo e outro, os pés bailam quase sem querer,
o coração já perde o ritmo de tanto bater.
Sabe aquela sensação? Já me invadiu.
E me levou a cheirar teu colo com apetite.

Um perfume floral cítrico, forte, gostoso e bonito
que dobra meus sentidos e guarda como se fosse troco.
O preço de tamanha seduçã quem paga sou eu.
Entorpecido pelo movimento do seu corpo,
pelos acordes da melodia, a batida pulsante.

Pulsante tal qual este desejo,
deixo de aocmpanhar o som e lhe tasco um beijo.
Começa perdido, suado, esquisito e vem aos poucos
encaixando-se no compasso, nota após nota, um acorde
me faz perceber que o tom era bem este.

Estamos nós dois afinadíssimos.
Sem uníssono, com total harmonia de dança, beijo,
desejo ou qualquer tema bonito que quisermos compor.
Beijo sua mão, reverencio minha dama e agradeço a dança.

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