Proteje este jogo e me deixa jogar

Como quem chega numa roda de conversa sem saber uma palavra, eu os via jogando verbetes, palavras e falácias numa concordância mais que eloquente
Cada provocação tinha uma resposta, rápida, precisa, concisa. Do contrário a conversa se encerraria. Eu seguia sem entender e procurei aprender.

Nesta língua, gingar é como mover os lábios. Fica impossível se expressar.
Esqueçam os ventríloquos, cada movimento se torna uma palavra garimpada num vocabulário construído pelo corpo, cada golpe é retrucado com um verso construindo um poema que a gente chama “jogo”.

Nada melhor para envolver que um jogo, apoiado em turnos, onde ouvir ou defender tem a mesma importância de falar ou atacar. Ponderando estas duas forças, temos um tripé que sustenta esta linguagem: um ataque que fala e expõe, uma defesa que ouve e analisa e um equilíbrio que sustenta e pondera.

Ainda estou tentando tornar esta língua quase nativa, mas só de ver os sorrisos depois de um movimento ou uma palavra, a compreensão em cada golpe ou verso. Vale cada palavra ou uma expressão que aprendi numa roda de capoeira.