Outros carnavais


O terno branco de linho veste minha imaginação.
Minhas palavras quase saem com os trejeitos de um bamba.
É realmente uma pena que este texto não seja um samba.
Gostaria que fosse canção, quem sabe enredo, mas só pode ser exaltação.

Mas que belo malandro eu seria, alinhado ao estilo noite e dia.
Um gingado impecável que fariam as mulatas suspirarem nas janelas.
Enquanto não vou aos botequins, meu verso é que se alimenta delas.
A nenhuma malandragem me atreveria, mas que belo malandro eu seria!

Exaltando uma aquarela pintada no chão da quadra da escola.
Galanteios viris nunca saíram da minha boca embriagada de noite boêmia,
Não consigo olhar o estandarte nas mãos da porta-bandeira.
Ao sagrado pavilhão que representa o pulsar da bateria, blasfêmia.

Sou isso que sou e nada mais poderia. Mas que belo malandro eu seria.
Neste carnaval já não sei se visto ou se sou fantasia, 
nem sei jogar ronda, me viro mal no bilhar. Fico aqui da arquibancada a suspirar.
Belisco a bunda da mulata? Nem caberia. Pega mal a quem não sabe como beliscar.

Se bebesse cerveja, talvez não aguentasse dois copos. Fico tonto.
Sou mesmo tonto de achar que a vida de malandro eu levaria.
Não batuco em caixa de fósforos, nem fumo. Tem fogo? Não, companheiro.
Esta noite me embriago de solidão, imaginando minhas traquinagens.

Depois que passar a escola pela passarela, 
vou suspirar meus tempos de malandragem que nunca foram
e me perguntar: Será que não queria ser malandro só por causa dela?
Hoje minha imaginação veste terno de linho branco.

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