Uma bola por uma lição

Dia malandro de sol, ele chegou pequeno e tímido pedindo pra jogar, não havia pé que recusasse aquele passe. Toca pra cá, papo daqui e domina de lá. Ele resolveu driblar. Não só a mim, mas a timidez.

Juntou toda a coragem, me olhou nos olhos e pediu: Me dá esta bola? Não tinha nada de especial, era redonda como as outras, e ralada de asfalto como algumas. Propus um desafio e daria a bola como recompensa.

Não foi surpresa nenhuma, Léo tentou sem desistir até conseguir. Onze balõezinhos (valendo 3 reais cada um) e ele levou a bola. Com um sorriso maroto no rosto, pegou a renegada bola velha e as juntou no mesmo colo. Lhe cobrei mais empenho e treino dali em diante. Ansioso, prometeu tentar. Saiu sem dizer obrigado. Nem sequer olhou para trás, só queria uma bola nova.

Este foi o preço de aprender que só vence quem joga por amor ao jogo. Não pela recompensa da vitória. Prosperar sobre o adversário é uma consequência direta da sua paixão pelo jogo. Afinal, coração não veste camisa de tecido tecnológico e as chuteiras só existem pelo chute. Não ao contrário.